segunda-feira, 17 de março de 2014

Filosofia como instrumento da cultura na Educação



Foto: Acervo da equipe do Blog  - Dr. Nelson Noronha
Foto: Acervo da equipe do Blog  - Dr. Nelson Noronha
Visando estimular os alunos de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) a apresentarem os resultados dos seus planos de Trabalho da Disciplina Prática Integrada IV, iniciou nesta segunda-feira (17) no centro de Artes da UFAM (CAUA), localizado à área central de Manaus, o evento “Filosofia Que Onda é Essa?”, cujo professor responsável é o Dr. Nelson Matos de Noronha.

 A disciplina conta com a participação das estagiárias docentes de Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA/UFAM), Joyce Karoline Pontes e Soraya de Oliveira Lima, além dos seguintes acadêmicos de Filosofia: Alisson Maurilo, Bruno Lomas, Bruno Pacifico, Daniel Cruz e Hudson Benevides.

O professor Dr. em Filosofia, Nelson Noronha,  iniciou a solenidade de abertura do evento, pontuando que a Filosofia passou a ser inserida na cultura brasileira e no ensino regular. Ela encontrou amparo na universidade e com muita dificuldade vem encontrando abrigo nas escolas. Esse não é um problema simples, porque o Brasil organizou sua educação primeiramente através de diretrizes religiosas, depois através de diretrizes ideológicas.

"Dificilmente, a educação brasileira tem podido se sustentar sobre bases de uma República Laica, pluralista, democrática e com a condição da livre expressão. Então a dificuldade que a Filosofia tem para inserir-se nas diversas esferas da educação brasileira decorre disso, dessa história da educação no Brasil", explica o Doutor.

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Ele disse ainda que hoje o Brasil passa por uma situação muito difícil no que diz respeito a educação, os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) tiveram um leve avanço nos últimos 20 anos, mas todas as situações negativas, todos os itens que compõem esse indicador eles apontam para onde a educação está ausente.
 
 "No Estado do Amazonas, isso é significativo, dos dez municípios por menor IDH, o Amazonas tem pelo menos quatro, justamente nesses municípios falta professor, falta escola, a maior parte dos professores não têm o título de nível superior".

Obrigatoriedade da Filosofia
 
A Filosofia de 2008 até os dias correntes tornou-se obrigatória, isso é um paradoxo, a condição do exercício da Filosofia é a liberdade, então parece um absurdo que para ela ser exercida deva aparecer de forma compulsória. Mas isso só aconteceu devido a resistência de inserção de uma disciplina como essa no ensino.

O professor questionou qual é o caráter dessa disciplina? E respondeu que não é somente a transmissão de conteúdos é a habilitação do estudante para o pensamento crítico. "Nós habilitamos os estudantes para suspeitar dos valores consolidados e cristalizados, então, uma sociedade como a nossa que é oligárquica, que é tradicionalista, que é estreitamente vinculada com o pensamento religioso, que é desigual, ela não aceita facilmente usar a Filosofia - instrumento da cultura, como parte do seu processo educacional", explana.

Filosofia na UFAM

O curso de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) recentemente passou por uma reforma curricular, onde foram introduzidas algumas disciplinas voltadas para discussão do papel que a Filosofia pode ter na formação da juventude brasileira. Uma disciplina que também proporciona atividades como a exposição do evento "Filosofia Que Onda é Essa?", onde o aluno sai do seu espaço formal de ensino, para outros espaços de aprendizagem e ensino.

"A condição que a Filosofia exige para existir é a liberdade, que ora é um exercício. Você pode ter a opção de fazer e não fazer. Se você não faz essa liberdade é improdutiva, deixa de ser notada e torna-se insignificante. Então para se ter liberdade é necessário ter o que Kant já dizia: tenha coragem de pensar, ousa pensar, ousa fazer de si a instância deliberativa das tuas ações da tua conduta. Ou seja, tenha coragem de pensar por si mesmo".

Dr. Nelson Noronha finaliza expondo que é preciso haver compatibilização entre a capacitação do profissional e do desenvolvimento do espaço da nossa liberdade diante de si na sociedade contemporânea, para que o ensino da Filosofia possa se fazer presente de forma espontânea. 

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