Na aula de quinta-feira passada, dia 21 de novembro de 2013, alguns alunos criticaram a redução da filosofia ensinada nas escolas e nas universidades a uma tecnologia e ao acentuado culto à erudição, com prejuízo para o exercício do filosofar, isto é, da atividade filosófica como conhecimento e como ação político-social.
Algumas teses já foram escritas sobre essa temática. E trata-se de um tema que se discute há muito tempo no cenário intelectual de nosso país.
De fato, a cultura acadêmica da filosofia, no Brasil, desenvolveu-se, à moda uspiana, mediante a prática exaustiva da leitura e da análise de textos, onde utilizaram-se, principalmente, a hermenêutica e o estruturalismo, como métodos de interpretação e explicação das teses e dos conceitos fundamentais dos clássicos do pensamento filosófico ocidental.
Para além desse debate interno à universidade brasileira, o tema habita toda a história da filosofia, onde podemos tomar o confronto de Sócrates contra os Sofistas, no qual o primeiro propunha a substituição da Retórica pela Filosofia como caminho para a educação da juventude, uma vez que, segundo o mestre de Platão, a primeira não oferecia mais do que um adorno ao passo que a segunda prometia assegurar à alma o conhecimento da verdade, o cultivo da justiça e a contemplação do Bem e do Belo.
Hoje, essa contenda ainda nos faz tomar partido. Preferimos poder contemplar a verdade, o Bem e o Belo. Pergunto, porém, se o poder sedutor do diálogo socrático também não se desenvolveu como uma nova tecnologia da linguagem pela qual se poderia obter o interesse dos estudantes?
2 comentários:
Como pensava Epicuro, o prazer reside na justa medida e não nos excessos. A crítica socrática é contra o uso exacerbado da retórica, um uso não ético. A fala pela fala.Penso que na maioria das vezes, quando a verdade acompanha o interlocutor, sua retórica é automática, o problema é se tornar refém de sua própria retórica. Penso que seria um tema importante para apresentar na sala de aula para introduzir a questão do uso dúvida na filosofia, como ferramenta primordial à reflexão e a crítica da realidade.
Obrigado por seu comentário.
Vamos colocá-lo em discussão nas próximas aulas.
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