Espero que tenham tido um Natal Feliz, na companhia de seus entes queridos e que os festejos do Novo Ano sejam promessas de grandes realizações.
peço a licença de vocês para transmitir-lhes algumas inquietações pessoais.
Ao dividi-las com vocês, espero despertar novamente nossa conversa sobre o papel da filosofia na formação da juventude.
O Cara, O Natal e O Ano Novo - Uma conversa fiada
A cada ano que
passa, vive-se o Natal como uma experiência dramática, ou talvez, lírica, se
não esquecermos que no poético encontra-se igualmente um pouco de sofrimento,
temperado com alguns afagos da amizade, do carinho e do conforto da família e
dos amigos. Se nos “eu acho que....” podemos encontrar um assunto para
filosofar, nesse evento que conjumina a
festa maior da cristandade e a entrada em uma nova quadra, fixada em um calendário
não menos cristão, temos do que nos fartar no que toca a cada uma das
disciplinas pelas quais se desenvolve a filosofia.
O tempo, como
falava Santo Agostinho, é o objeto que melhor conhecemos e aquele sobre o qual
somos menos aptos a dissertar. Por isso, montanhas de livros foram escritos
sobre esse tema e, a despeito disso, o assunto não se esgota.
Nesses dias
nos quais nos ocupamos de nós mesmos, o Natal e o Ano Novo, ainda que nenhum
professor de filosofia venha nos importunar com coisas como essas, jogam em nossa
cara as tragédias mais amargas, horas e horas de motivos para qualquer um que seja um pouco sensível perder as esperanças de que exista salvação para
a humanidade.
Não há razão
para rimar amor e dor. Mas, justamente, pela falta de razão, um não vem sem o
outro. A ciência e a filosofia aliaram-se e se apartaram, nos últimos duzentos
anos, na tentativa de desembaraçar as tramas que nos impedem de entender a “natureza
humana”, como disseram alguns, o “homem”, como disseram outros, a “liberdade”,
o “em si e para si”, a “consciência”, o “espírito”, a “psique”, o “sujeito”.
Alguns, mais recentemente, usam um termo meio teológico, meio político e, se
admitirmos um abusão, meio antropológico, pelo qual fixaram num só instante o
ato, o processo, o todo e a parte: “o cara”.
Nem a
Psicologia nem a Teoria do Conhecimento experimentaram, até agora, tamanha
felicidade na escolha de uma noção para designar o objeto sobre o qual, ao
longo de milhares de anos, todo o pensamento Ocidental – e, quiçá, toda a
humanidade – tem se debruçado com a finalidade de estabelecer, entre os eventos
e a nossa capacidade de entende-los, uma ordem e uma regra que nos dê garantias
suficientes para confiar na manutenção da primeira.
Quanto tempo e
quanto trabalho, lembrava Nietzsche, tivemos de despender para transformar o
homem em um animal confiável. A Medicina
psiquiátrica que o diga. Igualmente, a neurociência, sua herdeira. E a Filosofia?
Esta, ela mesma tem levado uma surra todos os dias para lembrar-se de que não
deve se meter aonde não foi chamada. Uma filosofia bem comportada poderá ser
recebida por um comitê de boas-vindas, se prometer engajar-se na defesa dos
valores do humanismo – conveniente bandeira de todos os que não precisam
assumir compromisso algum.
A unidade do
corpo e da alma, do soma e da psique – Esta é a questão? O tempo, para a
ciência de nossos dias, nos deu um suporte para viabilizar esta síntese, que
responde sob o nome de “desenvolvimento” ou pelo apelido de “amadurecimento
intelectual”, paladinos da pedagogia moderna. Em outras palavras, a ciência nos
forneceu a descrição e a explicação do caminho que trilhamos para nos desvencilharmos
das cadeias ou das forças da natureza e para alcançarmos a terra da liberdade,
da civilização e da paz.
E vem o Natal,
seguido do Ano Novo, para nos colocar minhocas na cabeça.
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