quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Cara, O Natal e O Ano Novo - Uma conversa fiada

Caros amigos,
Espero que tenham tido um Natal Feliz, na companhia de seus entes queridos e que os festejos do Novo Ano sejam promessas de grandes realizações.
peço a licença de vocês para transmitir-lhes algumas inquietações pessoais.

Ao dividi-las com vocês, espero despertar novamente nossa conversa sobre o papel da filosofia na formação da juventude.


O Cara, O Natal e O Ano Novo - Uma conversa fiada



A cada ano que passa, vive-se o Natal como uma experiência dramática, ou talvez, lírica, se não esquecermos que no poético encontra-se igualmente um pouco de sofrimento, temperado com alguns afagos da amizade, do carinho e do conforto da família e dos amigos. Se nos “eu acho que....” podemos encontrar um assunto para filosofar, nesse evento que conjumina  a festa maior da cristandade e a entrada em uma nova quadra, fixada em um calendário não menos cristão, temos do que nos fartar no que toca a cada uma das disciplinas pelas quais se desenvolve a filosofia.
O tempo, como falava Santo Agostinho, é o objeto que melhor conhecemos e aquele sobre o qual somos menos aptos a dissertar. Por isso, montanhas de livros foram escritos sobre esse tema e, a despeito disso, o assunto não se esgota.
Nesses dias nos quais nos ocupamos de nós mesmos, o Natal e o Ano Novo, ainda que nenhum professor de filosofia venha nos importunar com coisas como essas, jogam em nossa cara as tragédias mais amargas, horas e horas de motivos para qualquer um que seja um pouco sensível perder as esperanças de que exista salvação para a humanidade.
Não há razão para rimar amor e dor. Mas, justamente, pela falta de razão, um não vem sem o outro. A ciência e a filosofia aliaram-se e se apartaram, nos últimos duzentos anos, na tentativa de desembaraçar as tramas que nos impedem de entender a “natureza humana”, como disseram alguns, o “homem”, como disseram outros, a “liberdade”, o “em si e para si”, a “consciência”, o “espírito”, a “psique”, o “sujeito”. Alguns, mais recentemente, usam um termo meio teológico, meio político e, se admitirmos um abusão, meio antropológico, pelo qual fixaram num só instante o ato, o processo, o todo e a parte: “o cara”.
Nem a Psicologia nem a Teoria do Conhecimento experimentaram, até agora, tamanha felicidade na escolha de uma noção para designar o objeto sobre o qual, ao longo de milhares de anos, todo o pensamento Ocidental – e, quiçá, toda a humanidade – tem se debruçado com a finalidade de estabelecer, entre os eventos e a nossa capacidade de entende-los, uma ordem e uma regra que nos dê garantias suficientes para confiar na manutenção da primeira.
Quanto tempo e quanto trabalho, lembrava Nietzsche, tivemos de despender para transformar o homem em um animal confiável.  A Medicina psiquiátrica que o diga. Igualmente, a neurociência, sua herdeira. E a Filosofia? Esta, ela mesma tem levado uma surra todos os dias para lembrar-se de que não deve se meter aonde não foi chamada. Uma filosofia bem comportada poderá ser recebida por um comitê de boas-vindas, se prometer engajar-se na defesa dos valores do humanismo – conveniente bandeira de todos os que não precisam assumir compromisso algum.
A unidade do corpo e da alma, do soma e da psique – Esta é a questão? O tempo, para a ciência de nossos dias, nos deu um suporte para viabilizar esta síntese, que responde sob o nome de “desenvolvimento” ou pelo apelido de “amadurecimento intelectual”, paladinos da pedagogia moderna. Em outras palavras, a ciência nos forneceu a descrição e a explicação do caminho que trilhamos para nos desvencilharmos das cadeias ou das forças da natureza e para alcançarmos a terra da liberdade, da civilização e da paz.
E vem o Natal, seguido do Ano Novo, para nos colocar minhocas na cabeça.


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